O sangue. O cheiro terrível de
sangue com fogo e gasolina. O incêndio já consumia metade da fábrica. Ele olhou
em volta e viu todos os seus amigos no chão, alguns tossindo, alguns apenas
respirando. Sua cabeça doía pra caralho, e ele não conseguia acreditar. Não
podia ser verdade. Tudo tinha dado terrivelmente errado. Quando ele falou com
cada um, todos acordaram. Menos uma pessoa, caída em uma enorme poça de sangue.
Ele não acreditava. Era tudo culpa dele. Sacudindo e gritando, ele tentava
acorda-la:
- Gabi! Acorda, Gabi! GABI!
LEVANTA! Por favor, Gabi, não faz isso comigo...
Foi inútil. Ela não ia acordar. Com
a fala engasgada pelo choro desesperado, ele ficou paralisado, pensando que se
ele não tivesse chamado, a Gabi ainda estaria viva. Os outros o levantaram pelo
braço e correram pra fora com ele. 5 segundos depois disso, uma enorme explosão
aconteceu dentro da fábrica, e tudo foi pro chão.
(Marcelo gritou, inconsolável) –
GABI! NÃO! MERDA! FOI TUDO MINHA CULPA! (e continuou chorando)
O Arthur falou:
- Marcelo, calma, cara. Claro que
não foi culpa sua, foi tudo culpa daquele gordo filho da puta.
- NÃO, PORRA! FOI MINHA CULPA! SE
EU NÃO TIVESSE LIGADO PRA ELA, ELA NÃO TINHA MORRIDO AQUI HOJE, PORRA! EU SOU
UM IMBECIL!
- CALMA, CARA! (o Arthur dá um
tapa na cara do Marcelo) Calma, porra. Eu gostei dela assim que ela apareceu,
também tô triste pra caralho, puto da vida. Mas agora não tem o que fazer,
chorar, gritar ou se culpar, nada disso vai resolver, cara. Agora a gente tem é
que achar aquele escroto e chutar o rabo dele.
- P-p-p-puta q-q-que p-p-p-pariu,
f-f-f-filho da p-p-puta, o tapa doeu pra caralho. T-t-tá certo, a gente acha
esse desgraçado. Mas primeiro eu tenho que entender tudo que aconteceu, cara.
Tadeu, você tem memória boa. Que que rolou? Tá tudo meio confuso na minha
cabeça, passando em flashes.
E então o Tadeu contou pra eles o
que tinha acontecido:
- A gente chegou na fábrica e já
era tiro pra tudo que é lado. Depois de passar pela galera na porta, a gente
entrou. O Morsa e mais uns cinco caras tavam lá dentro, e eles já começaram a
atirar também. Os caras morreram rápido, ficou só o Morsa. Aí a gente conseguiu
render e amarrar ele. Foi aí que tudo deu errado. O nó ficou uma bosta e o
filho da puta se soltou, agarrou um pedaço de pau e deu porrada na sua cabeça e
na do Arthur. Desarmou o Pinky e eu e apontou uma arma pra Gabi. Ela tentou
tirar a arma dele, mas ele foi mais rápido, e deu um tiro na barriga dela. Depois
ele ameaçou a gente, eu e o Pinky, e apagou ele com uma coronhada na cabeça. Com um monte
de gasolina, ele encharcou os tecidos, as máquinas, o chão, as paredes, tudo,
tacou fogo na merda toda e foi embora. Depois disso, eu apaguei com a fumaça,
mas você acordou bem rápido e conseguiu salvar a gente. Pena que a Gabi não deu
sorte. Mas relaxa, esse gordo escroto vai ter o que merece!
E o Marcelo disse:
- Ô, se vai! Esse filho da puta
vai se fuder bonito na minha mão!
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