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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Reflexões

Por: Marcelo Berquó

Por que refletir? Pra que servem as reflexões? Tão somente para mostrar a quem reflete aquilo que se quer esquecer, aquilo que não vale a pena lembrar? Não, não só para isso. As reflexões trazem respostas. É verdade, trazem também perguntas. Mas são as respostas que realmente importam. Respostas a respeito de complicações. Complicações como a dele. Por isso ele refletia. Ao refletir, criava mundos e caminhos, todos levando a um só destino: ela.

Ela. As reflexões dele a respeito dela são sempre profundas. Ela, tão perto, e, mesmo assim, tão longe. Tão distante quanto um esticar de dedos, mas insuportavelmente inalcançável. Havia o outro. O outro estava em seu caminho. Mas ele não odiava o outro. O outro a fazia feliz. Ele queria vê-la feliz, apenas isso. Preferia que fosse ele a fazê-la feliz. Mas não pode. E, enquanto não pode, contenta-se. Mas seu contentamento pesa, seu contentamento dói. Não que seja ruim. Ele gosta de sentir o peso, gosta de sentir a dor. Sentir o peso e a dor é sinal de que pode sentir. Isso basta. Sentir o que sente por ela lhe dá essa certeza. Isso basta.

Mas de que vale essa certeza? Vale para refletir. As reflexões trazem a certeza de sua existência. A certeza de sua existência o leva a refletir. A refletir sobre ela. Ela também o leva a refletir. Ela também o faz ter certeza de sua existência. Ela o faz existir. Ele reflete por ela, sobre ela, com ela. Ela o faz existir. Ele existe por conta dela.

Ela também reflete. As reflexões dela não são iguais às dele. Ele reflete por ela. Ele reflete sobre ela. Ele reflete com ela. Ela reflete sobre ambos. Ela reflete a respeito de algo que existe. Ele reflete a respeito de algo que gostaria que existisse. Mas esse algo não pode existir. Por enquanto, há o outro.
Tudo isso é fruto das reflexões dele. Nada disso existe. São apenas isso. Apenas reflexões.

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