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sábado, 1 de outubro de 2011

Vida de merda

Por: Marcelo Berquó

Aqui nesse buraco que alguns chamam de bar, bebendo esse whisky fraco num copo sujo, vendo o lixo e a degradação do ser humano, eu percebo que eu podia estar bem pior. De onde eu estou, consigo ver três prostitutas, cinco mendigos espalhados pelo chão, dois bêbados se arrebentando de porrada, um cara perto da porta todo vomitado que até agora não sei se está vivo ou morto e o único ser humano decente daquele lugar além de mim: o barman. Um dos bêbados veio pra cima de mim depois de finalizar o outro com um direto no queixo. Nessa hora eu tive que me controlar: a tentação era forte, a arma estava praticamente pulando para a minha mão e ninguém ia sentir falta de um bêbado velho e sujo. Mas eu me controlei. Ele chegou perto de mim, frente a frente, disse meia dúzia de coisas que eu não entendi e começou a vomitar aquela merda toda que tinha dentro dele em cima de mim. Meu autocontrole foi pro caralho. Dois tiros e ele estava no chão, agora com sangue se misturando ao vômito que ainda saía da boca dele. As prostitutas saíram correndo e gritando, os mendigos não estavam nem fodendo pra mim e pro resto, o cara vomitado se levantou, olhou pra mim, vomitou mais um pouco e caiu de novo, acho que morreu dessa vez. E o barman olhou pra mim e puxou uma Shotgun, gritando comigo que eu era louco e que já era a quarta vez e que não me queria mais no bar dele. Ainda bem que eu já estava com a arma na mão e numa posição boa. Foi só um na testa, e a parede de trás do balcão recebeu uma bela pintura vermelha.
Eu gostava pra caralho daquele barman. Porra, pra que aquele escroto foi puxar uma arma pra mim? Agora eu acho que vou ter que achar outra bodega pra passar os dias. Meu apartamento eu só usava pra dormir. Tava muito fodido. Vivi naquela merda de lugar durante 10 anos, e agora querem me botar pra fora. Porra, eu praticamente construí aquela merda sozinho! Mas foda-se também, essa merda já me encheu o saco. Quero só ver eles mandarem alguém pra me tirar de lá. Porra, eu preciso de uma mulher.
Naquele puteiro eu já fui muito. Já tinha até uma preferida, mas hoje ela não estava, tava de folga. Pedi pra dona a mais nova que ela tinha. Me deu uma de 16. Beleza, eu gostei dela: loirinha, peitinhos duros e grandes pra uma menina daquela idade, bocetinha raspada, perfeita. Perguntei quanto ela cobrava, ela me disse que dependia do tempo. Pra mim, 2 horas bastavam, mas queria que ela passasse a noite lá em casa. A dona deixou, ela concordou. Ia ficar caro, mas ia valer a pena no final das contas.
Realmente valeu. O sexo era bom, selvagem, quente, furioso, mas ao mesmo tempo gostoso e suave. Ela era muito melhor que a minha outra. Era minha nova preferida. Dei dez mil pra ela, pedi pra ela não contar pra dona, ela disse que tudo bem. Agora ela era minha. Sempre que eu quisesse era só ligar que ela vinha. Talvez até se mudasse pra cá. Eu pagava muito melhor que os imbecis sujos que ela costumava atender. Ofereci um cigarro, ela aceitou. Ficamos lá fumando até amanhecer, depois ela foi embora. Tomei um copo do meu whisky e fui dormir. Acordei ao meio dia com a velha desgraçada que recolhia o aluguel batendo na minha porta. Porra, já era dia primeiro? Paguei a múmia e mandei ela sumir. Tomei um banho, vesti uma roupa qualquer e fui comer alguma coisa por aí.
No restaurante, todos me encaravam, como se eu não pertencesse àquele ambiente. Claro, porra! Eu me vestia que nem um mendigo, não fazia barba há algum tempo, não usava nem um relógio. Mas eu tinha dinheiro sim. Se dei dez mil pra uma putinha adolescente, é porque eu tinha dinheiro, porra! Esses riquinhos desgraçados podiam ir todos pro inferno, pra dormir abraçadinhos com o capeta. Terminei de comer, paguei e saí. Aquele ia ser o próximo lugar que eu ia queimar. Já tava querendo mulher de novo. Liguei pra putinha, pedi pra ela se preparar pra passar uns dias na minha casa. Comprei umas roupas de gente pra ela, e passei a pedir comida em casa. Éramos felizes, o sexo era ótimo, ela estava feliz, não tinha preocupações de mulher e nem frescuras de adolescente. Era perfeita. E eu estava feliz também. Até o dia em que os porcos vieram até meu apartamento.
Dois policiais mortos no chão do meu apartamento, uma menina apavorada, tremendo de medo e coberta de sangue que não era dela. É, eu tava muito fodido. Paguei o que faltava pra completar um ano de aluguel, peguei as coisas importantes pra mim e fui embora daquele buraco. Perguntei pra garota se ela morava sozinha, ela disse que sim. Beleza, agora vamos morar juntos na casa dela. Ela me garantiu que polícia não passava lá. Todos no prédio achavam que ela era estudante, e não incomodavam. Era perfeito. Finalmente minha vida estava se acertando.

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