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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Pinky - A Queda

Por: Marcelo Berquó

O galpão era sangue por todos os lados. A princípio, tava todo mundo morto lá dentro. E o pior, não tinha nem sinal do crack que eles iam comprar. Até que um cara tossiu. Ele era negro e tinha o cabelo descolorido. Os três chegaram perto dele e o Marcelo foi quem falou:

- QUE MERDA É ESSA, CARA? QUE QUE ACONTECEU AQUI? PUTA QUE PARIU! QUEM FEZ ISSO?

- C-C-Cal-Calma, mano, já te isprico. Os cara chegaro aqui falano que era pra todo mundo deitá no chão sinão eles atirava. O Pêxe num quis nem sabê e matô um deis, aí eis cumeçaro a atirá e todo mundo morreu. Só ficô eu aqui.

- Quem fez isso, cara? Quem eram eles?

- Num sei não, sinhô, só lembro que quem falô foi um gordão cum bigodão sujo. Paricia aqueles bicho gordo dentuço.

- PUTA QUE PARIU, MARCELO! TE FALEI QUE ESSE CARA ERA SUJEIRA, MERMÃO! VOU AGORA MATAR ESSE DESGRAÇADO FILHO DA PUTA!

- CALMA, PORRA! Vamo resolver isso com calma. Ô, zé, qual seu nome? Acha que dá pra levantar aí e ajudar a gente?

- Ajudá? Prá quê? Num tenho mais vida. Meu nome num te interessa não.

- Então vai se fuder. (dá dois tiros na cabeça do “zé”) Babaquice do cacete. Arthur, vamo agora pro escritório do Tadeu. Liga pro Almeida, fala pra ele o que aconteceu aqui e fala que é pra ele arrumar qualquer desculpa pra sair daquele Maletta agora e encontrar com a gente.

- Agora! (liga pro Almeida) Ô, Almeida, porra! Que merda é essa cara? Sai aí do Maletta agora e vai pro escritório do Tadeu! Agora, porra! Como assim, que que aconteceu? O que aconteceu foi que aquele gordo escroto do seu chefe fudeu nosso esquema todo! Vai embora daí antes que ele te mate também, burro! AGORA, FILHO DA PUTA! CÊ PARECE SURDO, NUNCA VI! PORRA! (desliga) Vamo sair daqui antes que o cara resolva voltar pra ver se tem nêgo vivo aqui ainda. Acha os caras do Almeida e fala com eles pra seguirem a gente.

Os três saíram do galpão, se livraram dos disfarces, que não serviram pra merda nenhuma, e o Marcelo foi procurar os caras que o Almeida tinha mandado enquanto o Arthur e o Pinky voltavam pro carro. Depois de um tempo o Marcelo apareceu com dois caras, eles também entraram no carro, e foram os cinco pro escritório do Tadeu.

Chegando lá, o Marcelo já veio falando:

- Ô, Tadeu, tranca essa porta aqui e manda sua secretária falar que você não está. A gente tem uma merda gigante pra resolver agora. Almeida, como é que você não desconfiou daquele gordo babaca?

- Cara, sei lá! Eu não tava sabendo de nada! Mas e agora, que que a gente faz? Tadeu, como que a gente sai dessa?

- Porra, Almeida, vem perguntar pra mim? Eu sei lá, cara. O Jorge ainda é policial, mexer com ele é sujeira. A gente tem que dar um jeito de fazer tudo perfeito pra ninguém nunca chegar na gente. Se bobear, nem descobrir que ele morreu. Marcelo, Arthur, nenhum de vocês tem nenhuma ideia?

(o Marcelo falou) - Olha, eu até conheço uma pessoa, mas tem muito tempo que eu não falo com ela. Mas ela é perfeita pro nosso problema. (disca no telefone) Oi, Gabi? Gabi, é o Berquó, tudo bem? Quanto tempo né? Saudades de você! Olha só, tô ligando porque eu preciso da sua ajuda. É, isso mesmo. Ninguém pode saber. Sumir, completamente, mas antes a gente tem que falar com ele sobre umas coisas. Ok, eu te ligo de novo depois. Um beijo, Gabi. (desliga) Ela topou. Agora a gente tem que armar uma emboscada praquele desgraçado. Ele não pode saber. Almeida, você vai dar um jeito de apagar o filho da puta e a gente traz ele pra cá, e tem que ser logo, porque se não a gente perde a parada. Volta lá pro Maletta e finge que nada aconteceu. Se ele estiver lá, fala que sua mãe morreu, que você tava de caganeira, sei lá, inventa qualquer negócio aí. Vai, anda! Vocês dois vão com ele pra ajudar se o gordo der trabalho. Tadeu, aquela sala lá do fundo ainda tá vazia? A gente vai precisar dela.

- Tá sim. Vou lá arrumar tudo.

- Faz isso. A gente precisa de uma cadeira, umas algemas, alguma coisa pra ligar na rede elétrica, uma bacia d’água, um pano e um monte daqueles saquinhos de fazer sacolão. Esse filho da puta não escapa.

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