O galpão era sangue por todos os lados. A princípio, tava todo mundo morto lá dentro. E o pior, não tinha nem sinal do crack que eles iam comprar. Até que um cara tossiu. Ele era negro e tinha o cabelo descolorido. Os três chegaram perto dele e o Marcelo foi quem falou:
- QUE MERDA É ESSA, CARA? QUE QUE
ACONTECEU AQUI? PUTA QUE PARIU! QUEM FEZ ISSO?
- C-C-Cal-Calma, mano, já te
isprico. Os cara chegaro aqui falano que era pra todo mundo deitá no chão sinão
eles atirava. O Pêxe num quis nem sabê e matô um deis, aí eis cumeçaro a atirá
e todo mundo morreu. Só ficô eu aqui.
- Quem fez isso, cara? Quem eram
eles?
- Num sei não, sinhô, só lembro
que quem falô foi um gordão cum bigodão sujo. Paricia aqueles bicho gordo dentuço.
- PUTA QUE PARIU, MARCELO! TE
FALEI QUE ESSE CARA ERA SUJEIRA, MERMÃO! VOU AGORA MATAR ESSE DESGRAÇADO FILHO
DA PUTA!
- CALMA, PORRA! Vamo resolver
isso com calma. Ô, zé, qual seu nome? Acha que dá pra levantar aí e ajudar a
gente?
- Ajudá? Prá quê? Num tenho mais
vida. Meu nome num te interessa não.
- Então vai se fuder. (dá dois
tiros na cabeça do “zé”) Babaquice do cacete. Arthur, vamo agora pro escritório
do Tadeu. Liga pro Almeida, fala pra ele o que aconteceu aqui e fala que é pra
ele arrumar qualquer desculpa pra sair daquele Maletta agora e encontrar com a
gente.
- Agora! (liga pro Almeida) Ô,
Almeida, porra! Que merda é essa cara? Sai aí do Maletta agora e vai pro
escritório do Tadeu! Agora, porra! Como assim, que que aconteceu? O que
aconteceu foi que aquele gordo escroto do seu chefe fudeu nosso esquema todo!
Vai embora daí antes que ele te mate também, burro! AGORA, FILHO DA PUTA! CÊ PARECE
SURDO, NUNCA VI! PORRA! (desliga) Vamo sair daqui antes que o cara resolva
voltar pra ver se tem nêgo vivo aqui ainda. Acha os caras do Almeida e fala com
eles pra seguirem a gente.
Os três saíram do galpão, se
livraram dos disfarces, que não serviram pra merda nenhuma, e o Marcelo foi
procurar os caras que o Almeida tinha mandado enquanto o Arthur e o Pinky
voltavam pro carro. Depois de um tempo o Marcelo apareceu com dois caras, eles
também entraram no carro, e foram os cinco pro escritório do Tadeu.
Chegando lá, o Marcelo já veio
falando:
- Ô, Tadeu, tranca essa porta
aqui e manda sua secretária falar que você não está. A gente tem uma merda
gigante pra resolver agora. Almeida, como é que você não desconfiou daquele
gordo babaca?
- Cara, sei lá! Eu não tava
sabendo de nada! Mas e agora, que que a gente faz? Tadeu, como que a gente sai
dessa?
- Porra, Almeida, vem perguntar
pra mim? Eu sei lá, cara. O Jorge ainda é policial, mexer com ele é sujeira. A gente
tem que dar um jeito de fazer tudo perfeito pra ninguém nunca chegar na gente. Se
bobear, nem descobrir que ele morreu. Marcelo, Arthur, nenhum de vocês tem
nenhuma ideia?
(o Marcelo falou) - Olha, eu até
conheço uma pessoa, mas tem muito tempo que eu não falo com ela. Mas ela é
perfeita pro nosso problema. (disca no telefone) Oi, Gabi? Gabi, é o Berquó,
tudo bem? Quanto tempo né? Saudades de você! Olha só, tô ligando porque eu
preciso da sua ajuda. É, isso mesmo. Ninguém pode saber. Sumir, completamente,
mas antes a gente tem que falar com ele sobre umas coisas. Ok, eu te ligo de
novo depois. Um beijo, Gabi. (desliga) Ela topou. Agora a gente tem que armar
uma emboscada praquele desgraçado. Ele não pode saber. Almeida, você vai dar um
jeito de apagar o filho da puta e a gente traz ele pra cá, e tem que ser logo,
porque se não a gente perde a parada. Volta lá pro Maletta e finge que nada
aconteceu. Se ele estiver lá, fala que sua mãe morreu, que você tava de
caganeira, sei lá, inventa qualquer negócio aí. Vai, anda! Vocês dois vão com
ele pra ajudar se o gordo der trabalho. Tadeu, aquela sala lá do fundo ainda tá
vazia? A gente vai precisar dela.
- Tá sim. Vou lá arrumar tudo.
- Faz isso. A gente precisa de
uma cadeira, umas algemas, alguma coisa pra ligar na rede elétrica, uma bacia d’água, um pano e um monte daqueles saquinhos de fazer sacolão. Esse filho da puta não escapa.
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