- 300 reais? Puta que pariu! Qual seu nome mesmo, querida?
- É Judith, amor.
- Judith! Não fode comigo,
Judith! Pensando melhor...fode sim, entra aí.
(Um telefone toca)
- Alô! Tadeu? Fala, Tadeu,
beleza? Que que cê manda, véi? O quê? Tá de sacanagem, sério isso? Mas agora?
Quê? Barulho? Ah, é o Arthur. Porra, dando o cu é que não tá né! Comendo uma
puta. É, porra, no meu carro. Vai se fuder, Tadeu! Viado é a puta que te pariu!
Foda-se! Tá, é pra ir agora? Ok, um abraço. (desliga) Arthur, goza logo aí que
a gente tem serviço. Judith, toma aí 500 e depois eu volto pra uma chupada.
- Ah, que foda boa! Gostosa essa
Judith hein, de onde você conhece?
- Cara, cresci do lado da Pedro
II, de onde você acha?
- Hahahaha FDP! Mas e aí, que que
o Tadeu queria?
- Cara, ele disse que o Jorge
mandou o Almeida e um negão pro escritório dele pedindo ajuda. Diz que um
comparsa do negão veio pra cá resolver uma parada de crack e tá todo fudido lá
na Lagoinha. Pediu pra gente ir buscar o cara e dar uma ajuda.
- Porra, e como a gente vai
saber?
- Cara, acho que não tem muito
inglês de terno na Lagoinha não.
- Hahahaha vai tomar no cu, cara!
Liga essa banheira aí e vamo vazar.
Pinky não conhecia os homens que chegaram num carro preto para busca-lo, mas pensava neles com tremenda gratidão. O que estava dirigindo perguntou (vou colocar os diálogos em português a partir de agora, mas imagine que os gringos falam inglês, e quem conversa com eles também):
- Cara, você tá bem? Seu chefe
mandou a gente aqui pra te ajudar, entra aí. Meu nome é Marcelo e esse é meu
sócio, Arthur. Você é muito louco, cara, tem sorte de estar vivo.
- Obrigado, cara. Não sei quanto
tempo mais eu ia aguentar ficar vivo se vocês não tivessem aparecido. Meu nome
é Pinky. Você disse que meu chefe te mandou? Que porra ele tá fazendo aqui?
- Sei lá, bicho. Pergunta pra
ele, eu te levo lá.
E assim foram os três, dentro do
Vectra, em direção ao escritório do Tadeu. O escritório do Tadeu é uma sala
quente no centro de Belo Horizonte, com janelas pequenas que não abrem, um
ventilador de teto velho que não funciona e toda coberta de carpete que um dia
foi bege, e hoje estava mais pra laranja sujo do inferno. O Tadeu é um cara magro
e narigudo, comprido, parecendo uma girafa. O serviço de advocacia era fachada,
porque o Tadeu é o tipo de sujeito que conserta qualquer merda que você pedir
pra ele, menos problema na justiça. A mesa dele fica no lado oposto à porta, e
é a primeira coisa que todo mundo que entra vê.
Assim que os três chegaram lá,
viram a mesa do Tadeu com o Tadeu, o Almeida e um negão de tatuagem na cara
olhando pra eles. O negão, assim que viu Pinky, começou a gritar com ele, puto
da cara:
- PORRA, FILHO DA PUTA! MALUCO
DESGRAÇADO! VOCÊ FICOU LOUCO? QUASE PÔS TUDO A PERDER, SEU MERDA! EU DEVIA TE
MATAR AGORA MESMO! COMO VOCÊ FAZ UMA COISA DESSAS? MALUCO!
Pinky ficou lá, recebendo os
xingamentos, consciente da merda que tinha feito. Assim que o Chefe terminou de
gritar com ele, foi em sua direção e lhe deu um abraço, o que deixou todos,
inclusive o próprio Pinky, muito confusos. No meio disso tudo, o Marcelo queria
saber que merda estava acontecendo e quanto ele ia ganhar por isso:
- Ok, ok, salvamos o cara que
vocês pediram, agora eu quero saber que merda tá acontecendo aqui, o que mais
eu vou ter que fazer e quanto eu vou ganhar no final? Almeida, qual é a parada?
- Então, cara, o negão aí se
chama Earl e o parceiro dele, como você já sabe, é o Pinky. Eles vieram da
Inglaterra num esquema de tráfico internacional. Pelo jeito o crack daqui é
muito superior, e eles querem comprar uma porrada pra vender lá.
- Porra, eles saíram lá da puta
que pariu e vieram pro inferno pra comprar CRACK? Eles sabem que essa merda não
vale nada né?
- Aí é que tá, cara. Lá na
Inglaterra, é muito raro ter, e o que tem lá é uma bosta. Se bem que não existe
crack bom né. De todo jeito, o nosso aqui vale ouro pra eles, e eles querem
muito. Aí que entram vocês dois. Vocês vão ajudar nosso camarada Pinky aqui a
fazer as compras. Eles ofereceram uma grana boa pra cacete.
- Valor, Tadeu. Eu quero saber
quanto a gente ganha pra se rebaixar a esse nível.
- 1 milhão de libras. Pra cada
um.
- Porra, isso é dinheiro pra
caralho, Tadeu. Eu tô dentro. Arthur?
- Porra, nem precisa perguntar,
cara!
- Então é isso, caras. Agora
façam o favor de levar nosso amigo Earl aqui pro aeroporto, que ele tem coisa
pra resolver na Inglaterra. Pode ser o Carlos Prates mesmo que ele tem um
jatinho lá. Depois vocês pegam o Pinky e vão com ele praquele apartamento seu.
- Beleza. Vambora, Arthur.
- Vamo lá, Belchior.
- Hahahahaha vai se fuder, cara!
E saíram.
Notas do autor:
- Avenida Pedro II é uma das vias de acesso ao centro de Belo Horizonte
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